segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Semáforo Caído...




Era uma vez um semáforo.

Como todos os bons semáforos, tinha três cores: verde, amarelo e vermelho.

E cumpria a sua missão com brio e pundonor. Deixava passar os mais afoitos, acalmava os apressados e mandava parar os mais perigosos.

Como todos os bons semáforos, andava sempre em conjunto com mais três. Eram assim tipo Os Três Mosqueteiro, que na verdade eram quatro (esquecem-se sempre do pobre do D'Artagnan...). E cumpriam sempre o moto: «E Pluribus Unum»: Um Por Todos E Todos Por Um! Se um se avariasse, todos os outros o seguiriam

Certo dia alguém zangou-se com um deles (não sei o nome dele, mas chamemos-lhe o Aramis daquele semáforo particular) e resolveu dar-lhe uma traulitada, deixando-o assim a piscar amarelo-amarelo-amarelo, sempre sem cessar, entre a vida e a morte.

Ei-lo, qual Torre de Pisa, quase a cair mas a insistir em dizer «eh, estou aqui, não me deixem cair, ponham-me em pé...»

Mas o ser humano insiste em não lhe ler os sinais, deixa-o lá continuar sem lhe acudir.

Para aqueles que não sabem do que falo, este semáforo fica no cruzamento perto do Estádio Municipal, na intersecção das ruas João Pedro de Andrade, Condes da Torre e Avenida Garibaldino de Andrade. É um cruzamento perigoso, onde já houve vários acidentes, inclusivé com vitimas mortais.

A destruição parcial desse semáforo deu-se ainda antes das eleições autárquicas e eu, ignoro infante, ainda pensei que, para agradar ao povoléu, Sua Majestade Camarária resolvesse mandar por o dito cujo em pé.

Puro engano, o meu. Ele lá continua até que, num assomo de consciência, alguém (Câmara? Junta de Freguesia? o Governo? a Unicef? a ONU? a Associação dos Pequenos Cantores? a Junta Autónoma das Estradas? a defunta Delphi?) resolva reparar uma estrutura tão necessária como imprescindível como esta.

A não ser... Ah, já sei! Decifrei o código! Já percebi:

Isto tudo não é mais nem menos do que uma mensagem subliminar das forças ocultas que estão por detrás da rede de azares que têm acometido Sua excelência o Senhor Primeiro Ministro:

«Encerraram a Delphi, aqui vai o castigo Divino!»

E pronto! Assim vai continuar a Odisseia deste semáforo ferido, que é simplesmente uma metáfora daquilo que aqueles que mandam resolvem escolher para aqueles que só têm que obedecer!

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Ah, e já agora só mais uma coisa:

A avaria deste semáforo teve um efeito positivo: pôs-nos todos a relembrar o por vezes olvidado Código da Estrada.

E para aqueles mais distraídos, aqui vai uma lição, grátis, de regras da estrada.

Num cruzamento normal (como aquele onde se situa o semáforo que, bem vistas as coisas, é como se não existisse...), deve-se dar prioridade a quem se apresenta à direita! Lembram-se? Chama-se a Lei da Prioridade.

É que me faz uma confusão do caraças ver as caras que certos condutores fazem, quando me encontro com eles nesse cruzamento... Alguns ficam a olhar, como se fosse a coisa mais estapafúrdia do mundo... Se faz favor, caro senhor, está à minha direita, faz favor de seguir!

E não se esqueçam: aquele cruzamento é uma desgraça à espera de acontecer!

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