quinta-feira, 10 de março de 2011

Secção Jornal do Incrível…

CTT Estação

Infelizmente, hoje tive de ir aos Correios…

Esperava-me uma entrada naquela zona meio estrambólica, tipo “Twilight Zone”, assim a tipos uma “Quinta Dimensão saloia”, que são o Posto de Correios da nossa cidade de Ponte de Sor.

Todos os habitantes da nossa cidade sabem que os nossos Correios são, provavelmente, o sítio onde se gasta tempo mais inutilmente, são horas e horas de tempo gasto a fazer… bem, a fazer o quê? A esperar, pura e simplesmente.

E assim fiz. A tarefa, hercúlea e impressionante: levantar um registo enviado das Finanças!

Assim que o recebi, assinei-o e acreditei que o facto das pessoas me conhecerem pessoalmente há anos me evitaria dissabores de maior.

Entrei, tirei a minha senha de entrada naquela máquina de dar senhas toda modernaça que está à entrada (cujas opções são, de todas as seis, “Atendimento Geral” e… “Atendimento Geral”) e verifiquei o número: 186. Olhei para o mostrador que estava no balcão: 179. OK, sete pessoas, deve ser rápido.

Rápido? Bem, se vos disser que demorei mais de meia hora… A única funcionária atendia, enquanto os clientes (ou utentes, ou usuários ou o lá que seja) esperavam, esperavam, esperavam, olhando para as capas da panóplia de livros que enchiam as estantes que preenchem quase por completo todo o espaço. Interroguei-me: Correios ou Papelaria?

Mas adiante. Meia hora se passou, em que fiquei a saber os problemas de saúde da Dona M, o sorriso do R, que entrou, tirou a senha e entrou outras duas vezes e a bicha ainda não tinha andado, as anedotas do Dr. X… Enfim, um enriquecimento cultural que não se consegue em mais nenhum lado!

“- 186!”

“- Sou eu, sou eu.” Dirigi-me vitorioso ao balcão e apresentei o aviso do registo. Devo dizer que o registo era para o meu falecido pai, mas como sempre fiz, assinei no espaço “aviso entregue por”, com o BI direitinho e tudo.

“- Não lhe posso entregar isto!” – disse a zelosa funcionária, “o destinatário é o seu pai e não assinou aqui!”

Neste momento, vi Felini a descer a terra, na companhia de Kafka e de tantos outros, rindo a bandeiras despregadas!

“- Mas o meu pai faleceu, não pode assinar o aviso, logicamente!” – esclareci eu. “Não está à espera que vá ao cemitério pedir-lhe que me assine isto, pois não? Sou herdeiro do meu pai, a minha mãe não pode assinar e nunca tive qualquer problema a fazer isto assim!”

E aí ela disse-me a frase que me fez reconhecer que, contra factos, não há argumentos:

“- Mas isto está endereçado ao seu pai e você não é ele!”

Pronto! Fiquei estarrecido com esta tirada de génio. Assim, de uma penada, ficava a saber duas coisas:

1 – A carta estava endereçada ao meu pai;

2 – Eu não era o meu pai!

Ótimo! Estávamos a avançar. E voltei à carga:

“- Este aviso foi colocado na caixa de correio do meu pai, uma vez que não estava ninguém em casa. Mas e se tivesse? E se lá tivesse um, digamos, ladrão? Como era?”

“- Nesse caso, tínhamos entregue a carta a essa pessoa!”

Nesta altura caiu-me tudo ao chão! Estava demasiado furioso para me exaltar, as pessoas nos correios olhavam-me com um olhar de solidariedade…

Resolvi insistir:

“- Então como poderemos fazer isto? Há volta a dar?”

“- Se quiser, podemos enviar-lhe isto para casa!”

ALELUIA!!! Uma solução, afinal tão simples!

“- Mas tem que pagar cerca de 3 euros e tal…”

“-????”

Pronto, a cena tornou-se tão caricata, tão ridiculamente desproporcionada que saí dos correios, pedindo para a diligente funcionária comunicar com os remetentes da carta que o destinatário tinha falecido e que eu não possuía poderes mediúnicos que o fizesse assinar a carta do além.

E como a Maya não mora por perto…

São estes os serviços que temos!

Vivam os Correios da Ponte de Sor! Viva!

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