segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A vingança de Tanatos

aaaTanatos (ou Tânatos) é o deus grego que personifica a Morte. Filho de Nix (a Noite, filha do Caos e da Destruição) e Érebo (as Trevas) e ainda irmão de Hipnos (o Sono), ele foi criado por Prometeu antes da criação da humanidade. O seu trabalho consistia em trazer súbditos para Hades, o Rei dos Mortos.

Tanatos está no nosso dia a dia. Em cada esquina, em cada rua, em cada casa, Tanatos reina. E nós, reles e simples mortais, tentamos enganá-lo. Tal qual como fez Sísifo (primeiro rei de Corinto) que, com astúcia e rebeldia, conseguiu derrotar e prende-lo, dando imortalidade aos humanos, durante algum tempo.

Como consequência, os homens não morriam, eram imortais. Até que, como em todas as histórias que opõem deuses e humanos, apareceu Ares (qual ‘mete-nojo’) que estragou o ‘arranjinho’. Ele libertou Tanatos e Sísifo foi condenado à morte e a descer aos infernos. Após a sua morte, o pobre Sísifo foi ainda condenado, como castigo por querer dar poderes divinos aos humanos, a rolar continuamente uma pedra montanha acima. Tarefa infrutífera, uma vez que chegado ao cume, a pedra rolava montanha abaixo e Sísifo tinha que repetir tudo novamente.

É assim como nos sentimos, nós, humanos. Somos todos Sísifos, somos todos simples mortais querendo enganar a Morte. Criamos remédios, investigamos, avançamos com a Medicina, descobrimos novas curas… E a Morte, célere, subtil e certeira, chega, qual vingança de Tanatos. Quer se chame SIDA, cancro ou outra coisa qualquer.

Tenho medo que o meu blogue se transforme numa espécie de muro de lamentações e elegias fúnebres, mas devo confessar que Tanatos tinha sido pouco assíduo na minha família até à data. Não é normal ser assim tão visitado pelo Senhor das Trevas. Ou será?

Vivemos com a ideia sempre presente da Morte.

Certeza número um: nascemos!

Certeza número dois: morremos!

Tudo aquilo que fazemos entre estas duas certezas é que nos irá distinguir entre os demais. Será aquilo que para todos se chama Memória. Ou Alma. Ou Nirvana. Ou Recordação, legado, herança…

Shakespeare no seu ‘Julio Cesar’ nos conta que, estando César perante um oráculo, este lhe lembra:

"Remember Caesar, thou art mortal" (‘Lembra-te, Cesar, tu és mortal’)

Sim, somos mortais. Sim, todos temos a nossa hora, todos morreremos.

Mas a brutalidade de me levar alguém com 59 anos, isso é que eu não compreendo lá muito bem. Mas deve ser porque sou Sísifo. Deve ser porque penso enganar a Morte…

Quero lá saber se depois de morto vou ter que carregar uma rocha montanha acima…

2 comentários:

Isandes disse...

:(
É cíclico, babe. nada a fazer. Kiss kiss

Anónimo disse...

Belo texto, incontestável.