sexta-feira, 22 de maio de 2009

Democracia, Eleições e... Papagaios!

Ora bem, após uma licença sabática a que me dediquei, para um tempo de meditação «bloguica» sem saber o que queria que o Blog fosse, dei por mim a disputar umas eleições!...

Umas eleições, estão a ver???

Pois é, quem me conhece poderá pensar: Será que o rapaz se passou?!

Não, nem por sombras!!

Nunca gostei de política, pelo menos esta política «à la portugaise», tão fértil em jogos rasteiros, de bastidores, com tantas jogadas de pessoas que, como um político tão bem disse, quando se referiu ao nosso primeiro, «com algum conflito com a sinceridade e honestidade»...

E assim foi.

Como trabalho numa escola (em Parvónia de Cima) e estamos na época de arranjar um Director, vi-me na eminência de ter de fazer algo.

(Não, não me candidatei a Director, isso não!)

Interroguei-me (e interrogaram-se muitos):

«É esta a Escola que eu quero, onde tenho prazer em ensinar?»

Já imaginam a resposta: um rotundo NÃO! Ou melhor, muitos NÃO!

Começamos a falar, analisamos no que se tinha tornado a escola, identificámos os problemas e vimos algumas soluções. E concluímos que havia que fazer algo!

Juntou-se uma equipa que analisou e, após várias reuniões, decidiu que o rumo que a nossa escola estava a tomar não era o mais correcto nem aquele para que tinhamos sido preparados:

- a indisciplina grassava,

- os melhores alunos partiam para a escola vizinha, ficando só aqueles que, na melhor das hipóteses, são os «turistas» do nosso sistema de ensino...

- o insucesso tinha números impressionantes...

E, na boa fé dos nossos propósitos, fizemos um Projecto, onde detectámos os (infelizmente muitos) problemas da nossa escola, propusemos as soluções, com honestidade e jogo limpo.

Ah, pois... Jogo limpo... O célebre «fair play»...

Que ingénuos! Começámos a acreditar naqueles que nos davam pancadinhas nas costas, dizendo «boa, boa, está na hora da mudança», «a escola tem de melhorar», «queremos qualidade», e nós, ingenuamente, acreditámos. Com a força deles, com mais força ficámos.

«Democracia» e «Verdade»... Mas que grandes palavrões...

Devo lembrar que foi com a palavra «Democracia» que Adolph Hitler conseguiu, já no distante Verão de 1932, vencer as eleições, numas eleições «livres», tipo... Estão a ver, certo?

No tempo do Adolfo não havia telefones nem telemóveis para se contactarem os votantes, nessa época havia umas organização chamada de SS que nas horas vagas fazia concursos de partir janelas e montras... E conseguiam ser bastante persuasivos, aqueles rapazes de camisa preta! E vocês sabem como acabou essa história!

Hoje a persuasão trabalha a um outro nível, com «classe»!

Trabalha-se com luvas do melhor material, de gente com dom da palavra, daqueles que até vendem frigorificos aos esquimós no Polo Norte, que ameaçam suavemente, com, digamos, muita «panache», que fazem viagens turísticas a todo o lado para «espalhar a palavra», que esperam os votantes à porta do local de trabalho, que os visitam em casa...

Não! Não falo em ninguém em especial, falo só dos nossos políticos, que campeiam nas nossas cidades, nos nossos governos, nas nossas escolas... Parece que o molde é igual, só a roupa é que muda.

É esta gente que faz os freeports, as fundações, as negociatas, os desfalques nos (pobrezinhos!) bancos, que gastam os nossos euros em viagens, convenções, viagens gastronómicas e que, ébrios de poder, só querem mais poder!

O Poder pelo Poder. Porque sem ele, não são nada. Tornam-se pequeninos, como qualquer normal mortal, que quando feridos, sangram.

Mas no cadeirão do Poder julgam-se Zeus.

«O Poder corrompe e o Poder Absoluto corrompe absolutamente», já dizia John Emerich Edward Dalberg-Acton, mais conhecido por Lord Acton. Capice?...

Pois é, estou chateado, pois perdemos a eleição! Como?

Posso apontar três hipóteses:

1. Mesmo depois de tanta análise, proposta, apoio de TODA (sim, toda) a comunidade educativa, possivelmente a nossa mensagem não terá passado. Talvez o Projecto apresentado ao Conselho Geral estivesse escrito em hebraico...

2. Houve factores sobrenaturais de índole... esquisita. Talvez as pessoas tivessem sido hipnotizadas com aquele «charme discreto» daqueles que muito dizem mas nada significam, onde as palavras são extremamente bonitas mas são como aquelas uvas muito bonitas que, apesar de muito espremidas, não dão vinho de espécie alguma, nem sequer para encher um copo...

3. Ou se calhar somos nós que estamos errados!

A Escola está uma maravilha!

O Sucesso é magnífico!

Todos os nossos cursos são uma referência a nível nacional... não, mundial!

As relações pessoais são do melhor, a sinceridade e a honestidade são os dois principais bastiões da nossa escola!

Enfim, a Vida é Bela! Brindo a ela com o copo do meu melhor vinho, comprado no Modelo (e pago por mim!)

Mas por muito que nos queiram adormecer, estaremos sempre despertos.

Como diria a escritora francesa Françoise Sagan:

«A felicidade para mim consiste em gozar de boa saúde, em dormir sem medo e acordar sem angústia.»

Por isso, meus amigos, sejam felizes!

7 comentários:

Anónimo disse...

Meu amigo
a tua indignação é a de alguns utentes do referido estabelecimento.
Há de facto muitos vira casacas, ou melhor há muitos "Sr doutores" que não sabem ser nem estar(como o podem transmitir aos seus alunos).
Somos, infelizmente uma escola de analfabetos.
Valores, qual quê o importante não é ser é parecer...
Que mágoa, que tristeza...
Sejamos profissionais e tudo o resto vem por acréscimo...
Um beijo
FB

Teresa Diniz disse...

Olá Compadre!
Que prazer encontrar-te na blogosfera! Porque a blogosfera também serve para isto, para desabafarmos as nossas indignações e frustrações, com a certeza de que alguém nos vai ler e compreender. Mas deixa-me dizer-te uma coisa: isso que apontas não é exclusivo da tua escola. Os problemas podem variar, mas o mal-estar instalou-se por todo o lado. Só espero que o próximo ano nos traga novo governo, ou pelo menos nova equipa ministerial. É que pior não pode ficar!

YES, WE CAN (Dar um pontapé no Socas!)

Bjs e ânimo!

Teresa

Isabel disse...

na sabia k tb tinhas 1 estaminé...
então, perderam? deixa lá, ias-te meter em guerras tremendas... assim, metes-te na mesma, mas com menos inimigos... bjoca!

Luísa disse...

Amigo
Nem te interrogues muito porque não vale a pena...
Continua assim a acreditar que podes fazer melhor e a dar tudo de ti a cada um dos alunos que têm a sorte de cruzar o teu caminho...Esses sim valem o nosso esforço, a nossa dedicação e é nos olhos deles que está a nossa motivação!
Guarda-te para as grandes batalhas da vida e deixa as guerrinhas de "Parvónia"...
O mundo é enorme e há tanto caminho para andar...não temos tempo a perder com apeadeiros...
Adopta a postura do cavalo na parada do 10 de Junho: andando, cagando e sendo aplaudido!!!
Saudades e beijinhos
L. Rita

ruco, paparuco disse...

Só uma bicadita de corrida...

Parabéns... confesso que considero que já tardava existir um espacito, organizado por um dos experientes da minha escola (e neste caso digo-o sem ironia), onde se vê fazer opinião para além do marasmo e das palavras ocas, bonitas mas ocas, que vou encontrando no dia a dia lá/cá pela "parvónia"...

Sinceramente, já estava a render-me à ideia de que o (insisto) marasmo e, eufemisticamente falando, a estreiteza de perspectiva são, efectivamente, características culturais, profundamente enraizadas, de quem vive e trabalha em Ponte de Sôr...

Afinal, há esperança...

A não ser que, agora que a nossa escola (sim nossa, eu ainda cá/lá estou!!) irá passar a ser TEIP, talvez o corpo docente, para o bem dos alunos e segundo o princípio de que o "conhecimento da comunidade" é condição imprescindível para o melhor funcionamento da escola, etc etc, dizia eu, não tarda está a escola privada de outro horizonte que não o seu próprio umbigo... Irra, porque é que não consigo convencer-me de que isso é o melhor para os alunos e para a comunidade?!

Em comentário mais directo ao post... mt tinha que dizer... e se bem me conheço, não vou conseguir deixar de o dizer na sala dos profs até ao fim do ano lectivo...

isto porque, sinceramente, quando sou atacado pela minha incapacidade de ver em perspectiva mais alargadita (fruto provavelmente do processo de enculturação e adaptação à comunidade que tenho sofrido nestes 3 anos) acabo por pensar que só a minha ingenuidade me deixa pôr a hipótese de que, com efeito, e parafraseando se calhar sou EU que estou errado!...

Porque, no fudo, quase tudo vai bem...

E a responsabilidade do "quase" é do ELES!... Nossa não... do ELES!

Abraço!

Anónimo disse...

Que bom ter pelo menos já cinco pessoas que comentaram o teu texto, que eu considerei fabuloso!!!Mas, eu sou suspeito e não vá o diabo tecê-las o melhor é manter o anonimato!!! Porque há sempre em todo o lado gente que nos espreita e quer tolher a nossa liberdade! Mas, nós não vamos deixar que isso aconteça!!! Acho que quem teve a coragem de desafiar os interesses instalados ( cá para mim, aquelas cadeiras têm cola que pendura os cientistas ao tecto), remar contra a maré do marasmo, remar contra outras coisas que nem vale apena falar, tem que ter a coregem de levar a sua luta para a frente... Porque afinal, não perderam a guerra, perderam a batalha e quase empataram,e se não fora as pressões de última hora e quiçá os frigos, se calhar a esta hora a escola estava com outro rumo e outra chama!!!Que pena!!! Mas, como diz o poeta, tudo vale a pena, se a alma não é pequena!!!

Anónimo disse...

Ah bom! Afinal cá está um espaço de escárnio e mal dizer, por acaso gostei, principalmente daquela do brindar a vida com vinho do modelo e pago pelo próprio. Até parece que existe alguém aí que bebe vinho e não o quer pagar.
Só se for numa prova de vinhos! Nãoooooooooooo…, não posso acreditar! Sempre existe quem beba vinho, e a escola que pague!. Agora percebo, porque tanto se luta pelo poder.