in 'Da Nação’:
«Outrora, em dias como este, já eu estava refulgente de novas ideias para projectos, para actividades, para a leccionação de alguns conteúdos específicos… A véspera de Setembro era vivida com uma certa ansiedade salutar e com a antecipada alegria de rever os meus colegas. Nesses tempos, eu amava a minha profissão!
Hoje, amarrei o dia ao meu ramerrão caseiro, para riscar todos os pequenos biscates que agendara para as férias. E assim foi: a agenda das minhas livres obrigações ficou de consciência limpa. No entanto, lá bem no fundo, ela sabia que o meu afã velava uma inconfessada inquietação: eternizar os derradeiros olhares de Agosto ao minuto, ao segundo, para esquecer que amanhã recomeça a minha arrastada garimpa, a minha rotina despida de sonho e de ilusão.
Amanhã, para mim, começa o Outono. Amanhã, o chão vai estar atapetado de folhas caídas, de sâmaras perdidas, de terreiros varridos pelo vento. Amanhã, o meu país vai acordar mais pobre e apagado. Amanhã, vestirei o meu ânimo macilento e sairei de casa esmoendo o ópio das minhas memórias.»
Luís Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário