Uma das coisas que qualquer pessoa que passeie por Bucareste repara de imediato é a grande religiosidade dos Romenos.
A cidade tem imensas igrejas («biserica» em romeno), a esmagadora maioria segue o culto ortodoxo. Aliás, se eu pensar bem, só me recordo de uma igreja católica.
Sempre que um romeno passa por defronte duma igreja (mesmo que seja no lado oposto da rua), benze-se três vezes, tocando no final nos pés. Benzem-se de acordo com a igreja ortodoxa, com o sinal da cruz no peito ao contrário dos católicos.
Cada serviço religioso dura horas! E conseguimos assistir ao final de alguns dessas missas, com um colorido completamente diferente daquele a que estamos habituados.
Em primeiro lugar, as igrejas. São pequenas e aconchegantes, sempre com a mesma traça, comum às igrejas ortodoxas. Habitualmente, não têm cadeiras. Só umas poucas, para pessoas com problemas de locomoção. E os cheiros… O incenso marca sempre presença, com o seu odor adocicado e enjoativo. No final, o padre passa por entre os fiéis, espalhando o incenso por todos, ao mesmo tempo que todos lhe tocam nas vestes, com uma reverência e devoção que impressionam. Nessa missa, quando o padre chegou ao fundo da igreja, todos os crentes se benziam e nós, com a nossa «farda» de turistas, como sinal de respeito, fizemos o sinal da cruz, como católicos. O padre mirou-nos, fez uma ligeira pausa e sorriu. Foi um momento mágico, o ocidente a encontrar o oriente.
Tivemos o prazer de assistir a um casamento. Andávamos nas fotos e encontrámos uma igreja bem bonita, século XVII e tal… Vimos as pétalas à entrada da igreja e, quais penetras, fomos espreitar o acontecimento. E foi curioso de se ver, um ritual estranho, com os noivos à volta das cadeiras, beijando os ícones… E no final, para adoçar o casamento (só pode ser), os familiares dos noivos trazem caixas de bombons que distribuem pelos convidados. Claro que também fomos contemplados, embora, logicamente, não fossemos convidados! É que uma das pequenas convidadas reconheceu-nos, visto que era aluna na escola onde tínhamos trabalhado. devia ter aí uns 14 anos e dirigiu-se-nos, num inglês perfeito e cheio de simpatia.
Dá que pensar. Como é que este povo, tão religioso, conseguiu resistir a mais de 40 anos de comunismo? Imagino o sofrimento, as provações que deverão ter passado…
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