Há já muitos anos que sou leitor regular do “Expresso”. É um semanário que já teve os seus altos e baixos, mas aprendi a respeitá-lo como jornal de referência para todos.
Mas – hélas! – por vezes é um calhamaço do caraças, com cadernos e mais cadernos e habitualmente levo mais do que um dia a lê-lo. Sim, eu sei, sou um “slow reader” (e além disso, sou Alentejano!) mas gosto de ter tempo para fazer a minha leitura, com todas as vírgulas e pontos finais. E por isso, muitas vezes a sua completa fruição (gosto desta palavra, fruição) ultrapassa o fim de semana.
Foi por isso que só hoje pude ler, no suplemento Atual, a entrevista que Fernando Savater deu, falando em algo que me é bastante querido: a Educação.
E diz coisas que nem todas as “Anas Benaventes”, “Milús” e “Alçadas” do nosso pedaço aceitarão, tais como:
«A escola não é democrática. Nem deve sê-lo. A escola é a preparação para a democracia. Uma aula é hierárquica. O professor está sempre acima dos alunos. A escola deve estar a preparar os jovens para ser cidadãos. A escola não tem os mecanismos da democracia nem deve ter.»
Oh heresia suprema!!! E sobre a Democracia no ensino, vais mais longe:
«Há uma teoria, uma tendência, que iguala os professores aos alunos e que faz com que os professores percam o respeito dos alunos. Convencionou-se que o professor tem de inspirar respeito dentro da aula. Ora, se o professor tem tanta autoridade como o aluno a aula não funciona.»
Já imaginaram a desfaçatez do homem? Sobre a autoridade do professor, diz ainda:
«As aulas não são uma reunião de amigos nem um recreio. São um lugar onde se transmite conhecimento. Toda a gente aceita e entende que um treinador de futebol dê ordens aos seus jogadores. Já o mesmo modelo numa escola parece que começou a ser (erradamente) entendido como algo escandaloso.»
Sobre as Pitonisas que abundam no nosso Ensino, diz:
«Um ignorante segue sempre o que é prometedor. As pessoas que não têm conhecimentos sobre nutrição preferirão sempre quilos de alimentos mais saborosos, embora com efeitos nocivos para a sua saúde. Se der a uma criança uma sopa nutritiva ou um prato de doces, ele escolherá o prato de doces, porque não sabe que lhe faz mal. Isso também acontece à escala dos adultos. Se um político promete o céu e a terra, de uma forma inverosímil mas atrativa, e outro exige sacrifícios de forma realista, para conseguir um país mais forte para todos, os ignorantes obviamente preferirão o primeiro.»
Para os meus colegas que insistem em não ser daquelas avestruzes que, à primeira dificuldade, enfiam a cabeça na areia, aconselho a lerem a entrevista toda, aqui, no Scrib.
E uma boa semana, que amanhã é dia de trabalho!
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