Risiera di San Sabba
O que mais aprecio nas viagens que faço é precisamente isso: o simples facto de viajar.
Vitor Hugo já dizia: «Viajar é nascer e morrer a todo o instante».
E tem razão. Aquilo que fazemos, enquanto viajamos, é nem mais nem menos do que uma sucessão de constantes nasceres, um após outro. Nascemos e voltamos a nascer, pois o conhecimento só nos engrandece e nos faz evoluir como seres humanos. Compreendemos assim que o mundo não começa nem acaba no nosso umbigo.
Em Trieste tive oportunidade de tomar conhecimento com uma realidade que me era completamente desconhecida. A Itália teve um campo de concentração durante a 2ª Guerra Mundial. E ficava nos limites de Trieste, tendo nascido do aproveitamento duma fábrica de arroz, da década de 1910. No meio de toda a beleza, compreensão e conhecimento, Trieste também fora famosa por um monumento à estupidez humana, ao racismo e à intolerância! Quase que custava a crer!
Risiera di San Sabba («rizzo» significa «arroz» em italiano) foi ocupada pelas tropas nazis e transformada num campo de concentração, sendo inaugurada em Setembro de 1943 (“Stalag 339”) e tendo funcionado até à libertação, em Abril de 1945. No dia 29, já em plena fuga, as tropas nazis dinamitaram o forno crematório como tentativa de camuflar todo o mal aí perpetrado. Do mesmo, não resta pedra, apenas uma placa de metal ao longo de todo o espaço outrora ocupado pelo crematório.
O objectivo principal do campo era o de funcionar como prisão para judeus, reféns, presos políticos e «partizani», lutadores pela liberdade.
Em Abril de 1944 foi aí instalado um forno crematório e colocado a uso, com o propósito de eliminar qualquer vestígio dos crimes e atrocidades aí cometidas. Crê-se que tenham sido assassinados cerca de 5000 presos naquele ano louco que durou até à libertação da Itália, em Abril de 1945.
Em 1965, Risiera di San Sabba foi elevada à categoria de Monumento Nacional, sendo criado o Museu Cívico de Risiera di San Sabba. Está aberto durante todo o ano, sendo as entradas gratuitas.
Mas devo dizer-vos, meus amigos, no silêncio que se ouve nas paredes do complexo ainda parece sentir-se os gritos de tantos e tantos que aí perderam a vida. E isso arrepia. Bastante.
Risiera foi um entreposto para os prisioneiros que eram depois enviados para Auschwitz-Birkenau, Mauthausen e Buchenwald.
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