Lá se passaram mais umas Festas da Cidade, sem chama, sem novidades, tudo igual aquilo que já conhecíamos. Não seria problema, se a festa fosse alegre, brilhante… Mas se o que já viramos nos anos anteriores não difere muito daquilo que nos foi apresentado, dizer que é tudo «igual ao que conhecíamos» não pode ser uma apreciação muito agradável.
E no entanto…
Creio que falta a estas Festas aquele golpe de asa, aquilo que difere uma pedra dum diamante. Não discuto a qualidade dos artistas, não tenho a desfaçatez de criticar quem tenta fazer o melhor que sabe. Mas…
As bodas de prata de qualquer evento são sempre uma marca. Uma marca que serve para fazer um balanço do que é bom e do que é mau. E aquilo que vimos foi umas festas sem alma, sem cor, sem brio.
1. O Recinto
“Mas o recinto estava pejado de gente!” dirão os mais entusiastas. É verdade, e têm razão. Mas será que alguém avaliou aquele recinto para umas Festas daquele calibre? É que - gaita! - Ponte de Sor é uma cidade, há 25 anos, tempo de sobra para se atingir a maioridade. E o que vemos é que estas Festas ainda balbuciam as primeiras sílabas, ainda gatinham…
Mas voltemos ao recinto. Já aqui falei que aquele espaço do Anfiteatro é maravilhoso, muito belo e agradável, mas não para as festas da Cidade! Recinto óptimo para o Festival Sete Sois sete Luas, mas não para as festas da cidade! Que fizeram 25 anos!
E aproveito para dar aqui uma sugestão a todos os responsáveis pelas Festas da Cidade: Se insistirem (espero sinceramente que não!) em voltar a fazer as mesmas Festas no mesmo sítio, por que não considerar a construção/montagem de um palco no rio? (esperem, não se riam, que eu explico). Seria uma boa solução, pois a construção duma estrutura daquele género seria relativamente fácil de se conseguir. O rio é pouco profundo e a construção no leito do rio daria ao espaço, uma visibilidade que não se consegue de outro modo. Reparem: poderia ficar numa plataforma superior ao actual palco (um erro de todo o tamanho, o palco do anfiteatro) e toda a população que se colocasse na margem poderia desfrutar dos espectáculos aí realizados.
Não tenham medo, senhores da Câmara, usem esta minha sugestão à vontade que eu cedo-vos os direitos de autor!
2. Os Espectáculos
O grande cabeça de cartaz era José Cid. Na quarta feira o anfiteatro estava – uma vez mais – repleto de gente. E consegui ver a careca do artista, por entre algumas cabeças… Francamente, será que alguém se sente minimamente agradada, vendo o artista em bicos de pés, ou olhando para o pequeno video-wall? Lá ouvi-lo, ouvi, mas se me quisesse sentar para apreciar o espectáculo, só se fosse em pensamentos!
Na segunda feira, as Harmónicas de Ponte de Sor mais uma vez abrilhantaram as Festas, bem como a Banda das Galveias que, contrariamente ao adágio da nossa zona de que «não presta mas arremedeia», deu mostras de ser, actualmente, um dos maiores símbolos e embaixadores da cultura da nossa terra.
Na terça feira, gostei do Grupo de Cantares de Montargil e muito particularmente, do Grupo de Danças do Eléctrico. Parabéns à Professora Irina e a todos os miúdos do grupo, que conseguiram atingir um nível de qualidade e excelência, comparável a muito daquilo que se vê por esse Mundo fora. Cada vez será mais difícil conseguirem manter esse nível, mas tudo isso só tornará este projecto mais aliciante.
Na quinta feira só consegui ouvir um pouco da cantora brasileira Adriana. Muita pele, muito samba, muita gente, sons que não deslustraram mas também não empolgaram por aí além.
No Domingo, então, é que não consegui mesmo ver nada da Orquestra da CMPS! Aquilo parecia uma enchente no Estádio da Luz! Fartei-me de tentar ver, afastei-me, e fiquei à escuta do grupo, não sem antes ter pisado quatro pés, dado três empurrões e pedido desculpa de cinco em cinco segundos!
Para o final, o Fogo de Artifício foi uma manifestação de incúria, que terminou num pequeno incêndio na margem do rio. Então esta gente não ouve os anúncios constante nas televisões de que não se deve lançar fogos de artifício no Verão? Ou eu estou errado?
3. Os Pavilhões
Comparativamente com o ano passado, os Pavilhões estavam mais diversificados e mais ordenados. A variedade foi maior e conseguiu-se ver quase todas as instituições da nossa terra.
4. Os Restaurantes
Bem, eu chamo-lhes “restaurantes” como “sítio onde se vai morfar”… Não se pode esperar um atendimento segundo as normas da ASAE, mas a simpatia e a diversidade dos pratos tornavam o espaço mais aprazível e faziam esquecer (ou atenuar) alguma falta de…
E ainda bem que se continuou com a deslocação dos restaurantes para aquela zona, pois ganhou-se espaço, limpeza e qualidade.
5. As Surpresas
E ao terceiro dia da feira, quarta feira, para terminar o dia em beleza, eis que apareceu…
(quem? quem? quem?)
Paulo Portas is in the house!!!
Tivemos a surpresa de encontrar Paulo Portas, “lui même”, mais comummente conhecido como o “Paulinho das Feiras”, como “special guest star” da nossa cidade!
Meu Deus, Paulo Portas em Ponte de Sor?! Será que as nossas Festas já atingiram a maioridade para receber a visita de tão excelsa criatura?
Não! Desenganem-se os mais esperançosos, Paulo Portas não veio exclusivamente à nossa Festa: ele teve um jantar do partido aqui em Ponte de Sor e aproveitou a oportunidade de visitas as Festas!
E até o convenci a posar com as “meninas” do nosso Agrupamento, que desenvolviam o seu trabalho no Pavilhão do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor! Bem, ele como “animal político”, não perde uma para brilhar!
Tive oportunidade de falar um pouco com ele e de trocarmos um “bacalhau”, mas aquele homem ofuscou-me! Fiquei literalmente seduzido pelos seus dentes! Uma dentadura perfeita, brilhante, certinha, feita a régua e esquadro!
Estou com vontade de criar no Facebook o grupo de «pessoas que adoram os dentes de Paulo Portas»! Ou se calhar alguém já se me antecipou, não sei. Tenho que ir ver!