Mas, gaita! Será que este Papagaio vai a todas? Pois é, amigos. As férias a acabar, Setembro está quase aí e há que aproveitar.
O último dia foi agradável, mas não deu para esquecer o dia anterior.
São os meus votos «artísticos».
"Estou feliz por me unir convosco, neste dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.
Trinta e cinco anos atrás, um punhado de grandes Portugueses abriu as Portas da Liberdade. Esse importante feito veio como um grande farol de esperança para milhões de cidadãos, que viviam na mais abjecta ditadura. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite dos seus cativeiros.
Mas trinta e cinco anos depois, os Professores ainda não são livres e iguais a todos os Portugueses.
Trinta e cinco anos depois, a vida de qualquer Professor ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação, com tentativas constantes de os dividir em classes e géneros!
Trinta e cinco anos depois, o Professor vive numa ilha de desprezo e ataques constantes, no meio de um vasto oceano de uma sociedade que se quer cada vez mais justa, mais solidária.
Trinta e cinco anos depois, o Professor ainda adoece nos cantos da sociedade portuguesa e se encontra exilado na sua própria terra. Assim, nós queremos, aqui e hoje, reclamar a sua vergonhosa condição.
De certo modo, nós só queremos reclamar aquilo que é justo. Quando os arquitectos de nossa Democracia escreveram as magníficas palavras da Constituição, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo Português seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os simples e comuns cidadãos, como também os professores, teriam garantidos os direitos inalienáveis de igualdade, liberdade e a busca da felicidade.
Hoje é óbvio que Portugal ainda não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, o Governo de Portugal deu para os Professores um cheque sem fundo, careca, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".
Mas nós recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós recusamo-nos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós queremos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade, da igualdade e a segurança da justiça.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas da democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação para o caminho iluminado pelo sol da justiça e igualdade social.
Agora é o tempo para erguer nossa condição de Professor, Educador e Formador, das areias movediças da injustiça social para a pedra sólida da fraternidade e da igualdade.
Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos.
Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Estes últimos anos sufocantes do legítimo descontentamento dos Professores não passarão, até termos um renovador período de liberdade e igualdade. Este ano de 2009 não é um fim, mas um começo.
Esses que esperam que o Professor agora esteja contente, terão um violento despertar se o Governo, qualquer que ele seja, voltar aos negócios de sempre.
Mas há algo que eu tenho que dizer aos meus colegas que, justamente, choram os ataques constantes que têm sofrido. No processo de conquistar o nosso legítimo direito, não vamos satisfazer a nossa sede de igualdade e liberdade bebendo do copo da amargura e do ódio. Temos que conduzir a nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina, como temos feito até agora.
Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma.
A nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou a toda a comunidade que não devemos ter uma desconfiança para com toda a sociedade, como comprovamos pela presença deles nas nossas manifestações, pois eles entenderam que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles perceberam que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar sós.
E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa de que sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos do Governo, "Mas afinal quando é que vocês estarão satisfeitos?"
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto qualquer Professor for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade de qualquer Governo.
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto os nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não virmos reconhecidos os nossos direitos.
Nós não estaremos satisfeitos enquanto qualquer Governo queira dividir os Professores em titulares, não titulares, divisões tão idiotas quanto desnecessárias!
Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Professor tenha que andar, ano após ano, na eminência de ficar sem trabalho.
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto um Professor, ano após ano, tenha que andar com a casa às costas, longe da sua família, do seu lar.
Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a rectidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.
Eu não esqueci que muitos de vós atravessaram muitas dificuldades ao longo destes últimos anos. Alguns de você nem sequer sabem se têm trabalho para o próximo ano lectivo. Alguns de vocês vieram de áreas onde a vossa busca pela liberdade vos deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade Governativa e de Directores sem escrúpulos.
Vocês são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando e lutando com a fé que o sofrimento imerecido é redentor.
Voltem para as vossas escolas, voltem para o Norte, para o Sul, para as Ilhas, voltem para as escolas a precisar de obras urgentes, onde cada Professor é um herói, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixem cair no vale de desespero.
Eu digo-vos, hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho de Igualdade e Fraternidade daqueles que auguram sempre um Mundo Melhor.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença, nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os todos os portugueses são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas ruas das nossas cidades, todos os professores, pais, toda a comunidade, todos juntos se poderão sentar à mesa da igualdade e da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no Ministério da Educação, que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que os filhos deste país vão um dia viver numa nação onde elas não serão julgadas pela profissão que têm, mas pelo conteúdo de seu carácter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, na Avenida 5 de Outubro, com os seus funcionários malignos, com os Pedreiras, Lurdes e Lemos, com os governadores com lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia, em Lisboa, os Professores sairão uma vez mais à rua e poderão unir as mãos com todos os Portugueses. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia toda a nossa luta será exaltada, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que cada um regressará para as suas escolas.
Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança.
Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes da nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade.
Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para defender a liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livres.
Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.
"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.
Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,
De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"
E se Portugal é uma grande nação de oitocentos anos, isto tem que se tornar verdadeiro.
E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha mais alta.
Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de todos os Governos.
Ouvirei o sino da liberdade nas escolas e Agrupamentos de Portugal, novas e velhas.
Em todas as escolas, ouvirei o sino da liberdade e da igualdade.
E quando isto acontecer, quando nós permitirmos o sino da liberdade e da igualdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo o país e em todas as cidades, aldeias e vilas, em todas as escolas, então nós poderemos acelerar aquele dia quando todos os Portugueses, novos e velhos, protestantes e católicos, ricos e pobres, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho espiritual negro:
"Livre afinal, livre afinal.
Agradeço ao Deus Todo-Poderoso, somos livres afinal!"