O tempo por aqui está a melhorar, o que quer dizer que está a ficar mais quente... seja lá o que isso for em Agosto, no Sul de Portugal. Por aqui, 32, 33º são mais do que suficiente para suarmos as estopinhas (há tanto tempo que não usava a palavra 'estopinhas'...)
De Ponte de Sor vou sabendo as notícias que familiares e amigos me vão transmitindo, por telefone e email. Não posso dizer que sejam as mais agradáveis, mas o que podemos nós esperar de Ponte de Sor em Agosto? São poucos os Agostos que passei completos em Ponte de Sor, geralmente as primeiras semanas são usadas para a anual visita à praia, uma vez que o facto de ser professor me limita a possibilidade de escolha de férias, como os mais 'comuns mortais'.
Mas sempre que era 'obrigado' a ficar no meu torrão natal, caía em mim uma tal depressão... Os amigos todos fora, por todo o lado era um calor de torrar castanhas, não havia sítio para onde ir (ainda não havia piscinas...)
Bem vistas as coisas, será que as coisas mudaram assim tanto?
A propósito, já repararam que os professores são sempre 'obrigados' a gozar as suas férias no período em que elas são mais caras? (pois, pois - dirão muitos de vós - e aqueles desgraçados que não as podem gozar? ou que nem sequer têm trabalho?)
Creio que faz parte da natureza humana o facto de nós perdermos, por inúmeras vezes, o sentido das proporções. Somos capazes de nos queixarmos daquele golo que o avançado do nosso clube não marcou, ou do nosso cabelo que está a ficar cada vez mais branco, ou daquela camisola preferida que já não nos assenta tão bem, ou da vizinha do 5º esquerdo que tem um carro novo melhor que o nosso, ou daquele gato preto que insiste em miar a altas horas da madrugada...
Esquecemo-nos que em África se continua a morrer de fome, que na China a liberdade é só uma fachada, que no Irão as eleições são uma treta, o trabalho escravo continua a existir em todo o Mundo, a guerra é um fenómeno cada vez mais global...
Claro que, quando estas notícias aparecem nos nossos telejornais, muitos de vós (nós) prefere olhar para o lado e, pura e simplesmente, ignora a situação. «Quero lá saber que aquele maluco tenha assassinado uma série de pessoas, lá longe, nos Estados Unidos... Fica tão loooooooooooooooooooooonge...»
É por essas e por outras que os «media» (ou 'meios de comunicação social' para os mais puristas da nossa língua) inventaram, nestes meses de Verão, a Silly Season.
Ora bem, o que é a Silly Season?
A Silly Season é uma expressão de origem anglo-saxónica (ou inglesa, se preferirem) que significa «estação disparatada». E disparatada porquê? É fácil de constatar: basta vermos as manchetes dos jornais, das revistas, dos telejornais... Antigamente, as rádios estavam um pouco fora desta estação, mas a concorrência «oblige» e por isso, também eles participam, alegremente, no evento.
Confesso que não leio muitos jornais durante o período de férias: a Bola e o Expresso, religiosamente, e a Visão, quando calha. Quando vou ao quiosque da Dona Guilhermina, enquanto ela me faz o troco, aproveito para dar uma vista de olhos rápida pelas manchetes da imprensa. E creiam, meus amigos, que aquilo espremido dá pouca coisa: onde A e B fazem férias, quanto custa a mansão que o Cronaldo vai comprar, quantos milhões é que o Belmiro deixou de ganhar... enfim, coisas interessantes para o nosso dia a dia.
Já quanto à TV, Agosto é uma maravilha para mim. Vejo pouco, muito pouco ou quase nada. Os telejornais, apanho-os de raspão. O do almoço, é quase zero, pois não vou roubar tempo à praia para me dedicar a ver algo que me deprimiria, tanta é a futilidade lá patenteada.
Quanto ao telejornal da noite, esse já dá para ver qualquer coisa. E entre as festas do Algarve e o último implante da Maya, há lá as tricas do PSD, quanto às listas de deputados - zangam-se as comadres... - as eternas crises dos bancos portugueses na berlinda, o número de infectados de Gripe A, a crescer (Quem aposta? Vamos chegar aos quantos? E quantos vão morrer?), mais uma camioneta de jogadores brasileiros para os nossos campeonatos de futebol...
Silly season, pois seja. Temos que agradecer aos media que a criaram, pois o nosso cérebro não se pode ocupar de assuntos importantes... É o chamado Período de Estupidez Total Estival, e para isso não há melhor remédio a não ser um bom Correio da Manhã, uma Nova Gente, aproveitar para ver as Tardes da Júlia e à noite ir dar um passeio na Marina de Vilamoura, parando em frente do Bar do Figo, ficando embasbacados a olhar para tentar ver algum «famoso»!
Ah, os «famosos»... Mas para esses falaremos noutra ocasião!
Um abraço, entre uma caipirinha e um mergulho!
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