Não conheço cidade com tanta história contemporânea como Berlim.
Porta de Brandemburgo (Brandenburg Tor) e Pariser Platz
A minha primeira vez (e única, até hoje) que visitei Berlim foi assim um despertar de sentidos em todas as direcções. Foi durante Abril de 2006, altura em que a cidade mais parecia um estaleiro, com incontáveis obras para o Campeonato Mundial de Futebol, que se iniciaria daí a dois meses.Capital do III Reich (o tal que, segundo Hitler, demoraria mil anos...), foi praticamente destruída após ter sido intensiva e sistematicamente bombardeada, quer pelos aliados, quer pelos russos, durante os anos da guerra.
«Aqui exerceu Arthur Landsberger, aprisionado pela Gestapo, suicidou-se em 1933»
Mas Berlim, qual fénix renascida, ressurgiu dos escombros e tornou-se numa cidade de capital importância do período do pós-guerra. A continuação da história já todos a conhecemos: fruto das vicissitudes dos tratados de paz e partilha pelos vencedores da guerra, viu-se dividida em duas partes, o sector soviético, pertencente à República Democrática Alemã e o sector francês e britânico, parte da República Federal Alemã. Era o início da Guerra Fria.
Numa noite obscura de Agosto de 1961, e em virtude da quantidade de berlinenses que fugiam da parte soviética, o governo da República Democrática Alemã iniciou a construção de um muro para impedir que estes «voassem» para o Ocidente. Uma verdadeira cicatriz que ficaria a marcar os anos vindouros.
Gedächtnis Kirche, a Igreja da Memória, tal como no final da II Guerra Mundial. Para que os vindouros não se esquecessem...
O muro tinha 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. O seu historial ficou marcado pela morte de 80 pessoas, 112 feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
Potsdamer Platz: «Neste sítio, em 1989, foi feito o primeiro buraco no Muro de Berlim»
Fruto dos ventos de mudança que começavam a soprar na União Soviética, o mundo comunista começou a desmoronar-se, em virtude da acção de Gorbatchov e a sua Perestroika (reconstrução) e Glasnost (transparência).
Checkpoint Charlie
E num belo dia de Novembro, o nono daquele ano de 1989, a liberdade chegava finalmente aos habitantes de Berlim, do leste e do oeste, do norte e do sul. As grilhetas do comunismo, finalmente destruídas, fez com que famílias que não se viam há quase 30 anos, pudessem então reunir-se.Celebram-se agora exactamente 20 anos desta data histórica que abriu as portas a uma Alemanha unida e que permitiu que a Comunidade Europeia se desenvolvesse do modo que todos conhecemos.
E hoje, como cidadão de pleno direito e amante da liberdade e da democracia, posso dizer igualmente, tal qual John F. Kennedy, em Junho de 1963,
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