Parte 2, Oslo novamente, 17 de Maio
Para os Noruegueses, 17 de Maio é o seu Dia Nacional, assim a modos do 10 de Junho, mas muito mais bonito, colorido e cheio de significado.
Os Noruegueses chamam-lhe simplesmente syttende mai (17 de Maio), Nasjonaldagen (Dia Nacional) ou Grunnlovsdagen (Dia da Constituição).
Foi no dia 17 de Maio de 1814 que, em Eidsvoll (pequena cidade a norte de Oslo) foi assinada a Constituição norueguesa. Daí até aos nossos dias, 17 de Maio foi considerado o seu Dia Nacional, marcado por inúmeras actividades, todas de carácter não militar.
E nós tivemos o prazer de assistir a inúmeras iniciativas, muitas delas iniciadas há já alguns dias atrás.
Já no dia anterior tivemos a boa surpresa de assistir aos ensaios de um concerto ao ar livre, de música clássica e contemporânea, de autores noruegueses. Por toda a cidade, o barulho de jovens todos trajados com macacões vermelhos era uma constante, mas para nós um enigma. Até que concluímos que eram finalistas do secundário, que estavam a dar as últimas das suas brincadeiras, uma vez que, dentro de uma semana, terão que fazer os exames finais de ano. E a universidade está à espera…
Neste dia, em todas as igrejas de Oslo, há concertos de musica coral, a partir das 7 da manhã. Ao mesmo tempo, no Castelo de Akershus (monumento nacional) tem lugar uma série de cerimónias oficiais que culminam com o toque do Sino da Liberdade, enquanto são colocadas coroas nas estátuas de várias figuras da história em toda a cidade.
Pelas 10 horas tem início a principal actividade do dia, a Parada das Crianças, ou, se preferirem, Ungar i barnetog. em Norueguês!
É um desfile muito bonito, onde participam as crianças de todas as escolas da zona de Oslo, entrecortadas, aqui e ali, por grupos e bandas musicais, por aqui chamados Musik Korps.
Paralelamente, toda a população veste os seus melhores fatos, muitos deles de cariz regional, conforme podem seguir pelas fotos que tirámos.
Todo o desfile tem lugar ao longo da rua principal de Oslo, a Karl Johangata, de cerca de 2 quilómetros em linha recta, que termina no Palácio Real (Slottet em norueguês). Aí, a família real espera todas as crianças e toda a população e, da varanda principal, cumprimenta os seus súbditos. Claro que nós, no final do desfile, fizemos como o resto da população e dirigimo-nos ao Palácio, mas só conseguimos descortinar as luvas da Raínha, quando se despediu e recolheu aos seus aposentos!
Notei um povo muito orgulhoso das suas tradições, dos seus costumes e, acima de tudo, da sua independência. Um povo alegre e feliz, sem qualquer espécie de preconceitos, quer culturais, quer sociais, quer étnicos ou sexuais.
A integração étnica é um facto. Foram inúmeras as crianças que, num mar de cabelos amarelos, davam uma matiz diferente àquele grupo alegre, folgazão e sincero, como as crianças sabem ser. Árabes, hindús, romenos, chineses, todas comungavam em comum da alegria dum desfile que foi tudo, menos enfadonho. Imaginem duas horas de crianças a passar, nos seus melhores fatos, sem calças ao fundo do rabo ou jeans rotas. Imaginem os pais, avós e restante população nos seus melhores trajes regionais ou, em opção, com aquilo que no Alentejo chamávamos nos tempos de antanho, o seu «melhor fato domingueiro».
Mas lá tivemos de partir. Voltámos ao aeroporto e partimos para Bardufoss, o aeroporto mais perto de Finnsnes. E ao fim da tarde chegámos ao nosso destino. Aí, as diferentes famílias que acolherão os alunos durante a sua estada estavam todos à espera, uma vez que o nosso vôo também trouxe o pessoal da Dinamarca e da Turquia.
Depois de jantar, outra surpresa: estamos no país onde a noite tirou folga! Temos luz as 24 horas do dia e fomos informados que na próxima 5ª feira, teremos o primeiro dia sem noite, 24 horas de sol. Talvez possamos ver o famoso sol da meia noite! Assim as nuvens nos ajudem, mas como tem estado a chuviscar, tenho cá as minhas dúvidas.
Para ficarem com uma ideia do que é Finnsnes à meia noite, vejam esta foto.
E até amanhã, que o dia começa cedo, logo pelas 6 horas, pois temos que apanhar o autocarro para Vangsvik, que sai daqui às 7.20. Por isso, caminha. Ou melhor, tentar dormir, mas como há luz do sol, quase apetecia ir dar uma volta!
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