Parte 3, 17 de Maio (ainda), Finnsnes
Este género de Projecto Comenius tem como principal objectivo colocar os nossos jovens em contacto e interacção com outros jovens dos mais diferentes países.
Este projecto, com o nome específico de «Cultural Tolerance and Understanding», foi criado após a reunião preparatória que teve lugar na Escola João Pedro de Andrade, em Ponte de Sor, em Janeiro de 2009. Os países que tomaram parte nessa reunião foram, além do nosso, a Dinamarca, a Turquia, a Suécia, a Noruega e a Roménia, aos quais se juntou, posteriormente, a Lituânia.
Para o efeito, foi criado o projecto com o nome atrás referido, cujos pressupostos se apoiam nos vectores abrangidos pelo projecto: tolerância cultural e compreensão dos mais variados aspectos. Posteriormente, cada país enviou à sua agência nacional as linhas mestras do seu trabalho, esperando a aceitação e creditação do projecto.
Assim foi com o nosso projecto: foi aprovado por todas as seis agências nacionais e a primeira reunião do Projecto teve lugar na cidade de Konya, na Turquia, em Outubro do ano passado, com a presença de dois professores da nossa escola.
Desta vez calhou à Noruega (e mais concretamente à Vikstranda Skole, da vila de Vansvik, no Norte da Noruega) receber os diferentes parceiros, cada qual já com uma representação de alunos, calhando, no caso de Portugal, dois alunos. Estes folham escolhidos de todos aqueles que, ao longo do ano lectivo, participaram no projecto, nomeadamente turmas do 8º e 9º ano, na disciplina de Inglês, sempre com a ajuda dos diferentes professores das turmas e respectivos directores de turma, com a supervisão dos coordenadores do Projecto.
Chegado a um país e cultura diferentes, cada aluno tem, à sua disposição, uma família de acolhimento que, durante aqueles dias, fazem o papel de família verdadeira. É fundamental que cada família tenha, na escola onde se desenrola o projecto, um ou mais filhos, de modo a que este(s) possa(m) fazer o papel de «irmãos» e parceiros nas turmas onde os nossos alunos são integrados.
E assim se passou no nosso caso. Chegados ao aeroporto de Oslo, teríamos uma nova viagem de quase duas horas. Já após o check-in, encontramos os grupos dos professores e alunos da Suécia e Turquia e, juntos, fizemos a viagem em direcção a Bardufoss, perto da cidade de Finnsnes, onde iriamos ficar.
Bardufoss é um pequeno aeroporto, outrora exclusivamente militar) que serve o Norte da Noruega, construído pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. A nossa surpresa foi enorme quando verificámos que o aeroporto era muito pequeno, apenas com um edifício e pouco mais. Mas, também, para que é necessário um aeroporto grande, quando só se tem três chegadas e três partidas por dia?!
Apanhámos o autocarro, pelas 21.30, com imensa luz do sol (aqui o sol quase não se põe, é praticamente dia as 24 horas!) e, 45 minutos depois, estávamos em Finnsnes. Aí chegados, as famílias de acolhimento esperavam os seus novos «filhos», na companhia dos «irmãos» e, após as boas vindas, cada família pegou no seu aluno e dirigiu-se a casa.
Parte 4, 18 de Maio, Finnsnes e Vangsvik
O dia começou bastante cedo, pós uma noite curta (se é que se pode chamar ‘noite’…). Por aqui, os Noruegueses gostam de começar cedo, para aproveitar bem o tempo. Foi assim que tivemos que nos levantar às 6 horas (a luz do sol parecia querer dizer ‘meio dia’…) e despachar o pequeno almoço, pois tínhamos que apanhar o autocarro para Vansvik, que fica a cerca de 45 minutos de Finnsnes. Mas não é por ser muito longe de Finnsnes, mas pelo simples motivo do autocarro que apanhamos para Vansvik também ser o autocarro escolar, que vai apanhando os alunos ao longo do caminho, por todo o sítio.
E quando digo ‘por todo o sítio’, é mesmo isso que quero dizer: o autocarro vai por toda a espécie de caminhos, sejam de estrada de alcatrão, seja de terra batida, em boas condições, em más condições… E devo dizer que as estradas por estas bandas estão bastante estragadas, em virtude da neve e de agora ser a época do degelo que danifica bastante todos os caminhos. É frequente encontrarmos alguns buracos ao longo da estrada, mas o autocarro não pára e vai levando toda a gente.
Numa dessas paragens entrou um dos nossos alunos, o Nuno. Vinha acompanhado pelo seu «irmão» norueguês, o Chris. Vinha um bocado estremunhado, mas perfeitamente integrado com os seus novos colegas. Quanto ao Ricardo, já estava à espera na escola, tendo vindo num autocarro mais pequeno, uma vez que mora para outra zona não servida por aquele autocarro.
As aulas na Noruega começam às 8.30, com um intervalo às 10.15 e, após um intervalo, reentram às 10.30, saindo às 12.15. É aí que almoçam (os alunos trazem de casa umas sandes, uns sumos e fruta, tudo numa caixa, não têm o almoço ‘tradicional’ que nós temos em Portugal) e, pelas 12.45 reentram, para saírem pelas 13:30, hora a que terminam as aulas. Cada um fica assim livre para ir para casa.
Paralelamente às aulas, houve dois tipos de trabalho. No caso dos alunos, logo na terça-feira, reuniram-se todos para se darem a conhecer, se apresentarem e conhecerem todos os outros colegas. Cada grupo/país teve que desenvolver um trabalho específico ao longo do ano e dele foi dado conhecimento, iniciando todos a preparação da sua apresentação. Pela tarde foram conhecer a vila de Vansvik, terminando o seu trabalho com uma festa na discoteca.
Quanto aos professores, o trabalho também se iniciou pelas 8.30 e prosseguiu pela manhã toda, até ao almoço. Na escola, mais concretamente na sala dos professores, foi organizado pelos docentes um almoço ligeiro, que decorreu sempre num clima de harmonia e alegria, não só entre os professores do projecto, mas também com os colegas noruegueses.
Devo referir, como aparte, que este almoço foi organizado só por professores, uma vez que as escolas dinamarquesas não têm aquela figura que no nosso sistema escolar tem o nome de Assistentes Operacionais (ou contínuos, para os mais velhos).
E como funcionam as coisas?, perguntam vocês. Muito bem, direi eu. Eles não sentem a falta de qualquer pessoa que não os professores, não se queixam, não se lamentam. Mas não pensem que eles andam de vassoura na mão… Para isso existem empregadas de limpeza que, ao fim do dia, deixam a escola num brinquinho!
Ao fim da tarde, uma surpresa! Fomos informados pelo Harald (o nosso anfitrião e amigo norueguês) que a Vikstrada Skole nos oferecia o jantar, que seria servido onde estávamos a viver, uma casa antiga do século 19, Finnsnes Gaard. E esse jantar seria confeccionado e servido por professores da escola! E – PASMEM! – o cozinheiro seria o Headmaster da escola, ou o Director, se preferirem! Pensei logo em certos Directores, no nosso país, a terem uma atitude destas!!! Caíam logo os parentes na lama!!
Foi um jantar bastante agradável, com vários professores da Vikstranda e, também, as mais altas individualidades da Komune (ou Câmara municipal), o seu Presidente e o responsável da educação (os seus nomes são tão complicados, como os nomes dos noruegueses sabem ser…). Devo dizer que a Tranoy Komune é uma das maiores do norte da Noruega, ocupando toda a ilha de Senia e mais áreas. Durante o jantar foram distribuídas prendas e lembranças, bem como os discursos da praxe.
Todos os presentes naquele jantar demonstraram alegria e empenho no trabalho que estávamos a desenvolver, conseguindo transmitir a ideia da bondade da nossa tarefa. Claro que todos temos a consciência do trabalho que estamos a desenvolver, mas é sempre bom vermos o que fazemos reconhecido. As mais valias que os nossos jovens retiram destas iniciativas – quer culturais, quer sociais, quer escolares – são por demais evidentes e só gente com vistas curtas não conseguirá descortinar que o Mundo não começa e acaba em Ponte de Sor!
Sem comentários:
Enviar um comentário