19 de Maio, algures pela ilha de Senia
Quem conhece a Noruega nesta época, sabe que ao longo do dia, o tempo pode ter mil caras. Valha a verdade que, desde que chegámos, o tempo não nos tem castigado muito. É certo que tem chovido todos os dias, mas tem sido sempre uma chuvinha tipo ‘molha parvos’, que não dói muito.
Esta 4ª feira, dia 19, foi destinada à parte turística. Mas primeira, tivemos uma primeira parte em que trabalhámos, das 8.30 às 10.00. Cada grupo apresentou os seus trabalhos efectuados nos diferentes países e aqui terminados. Como o tempo foi curto, a apresentação do nosso grupo ficou marcada para o dia seguinte.
A hora de partida rápido chegou e lá fomos num passeio para conhecermos melhor a zona onde fica situado Vangsvik.
Vangsvik fica situado a sul da ilha de Senia (Senja em norueguês). É a segunda maior da Noruega e fica situada a norte do país, acima do paralelo 69, muito acima do Círculo Polar Árctico. Digamos que fica ainda a norte do paralelo do Alasca. É uma ilha bastante recortada por inúmeros fiordes e com uma beleza natural única. A sua vida animal é maravilhosa, a cada curva podemos deparar com uma rena, ou um alce, ou inúmeros coelhos brancos…
Pois então lá partimos, dois autocarros cheios de alegria, com os alunos e os diferentes professores, prontos para um dia diferente, como diferente estava o dia: um sol brilhante, o céu sem nuvens… Se tudo corresse bem,o dia culminaria numa ‘visita’ ao sol da meia noite, uma das maiores ‘especialidades’ desta zona do planeta, uma vez que estamos´a norte do Círculo Polar Árctico.
Ao longo do percurso íamos encontrando paisagens de tirar a respiração e a primeira paragem foi na ilha de Husoy, que já havia visitado cinco anos atrás. Aí parámos para comermos qualquer coisa e fomos até o seu interior, onde visitámos uma escola primária.
Husoy é uma vila piscatória de pouco mais de duzentos habitantes, quase exclusivamente dedicada à pesca. Fica situada no Oytfjorden e a sua ligação com a terra é feita por uma ponte. A maioria dos seus 230 habitantes dedica-se a actividades relacionadas com a pesca, quer seja na pesca propriamente dita, no alto mar, quer seja na criação e manutenção de viveiros das mais diversas espécies, destacando-se o salmão.
Continuando no tema da pesca, aos nossos alunos foi dada a oportunidade de visitarem uma fábrica de recolha e transformação de peixe, na vila de Senjahopen – Nergard SA. Entre as espécies aí tratadas, destaca-se o arenque, o salmão, o halibute, o camarão e, principalmente, o bacalhau. Este é aí seco e completamente tratado e as suas principais exportações são para Portugal, com mais de 90% da sua produção. Para terminarmos a visita em beleza (e como os estômagos já roncavam…), foi-nos servida uma magnífica sopa de peixe, bastante saborosa mas ligeiramente diferente daquela a que estamos preparados na nossa zona, uma vez que o seu principal ingrediente é o salmão.
E lá seguimos viagem, rumo ao sol… A próxima paragem foi um parque temático dedicado a um dos ícones da Noruega, o Troll. O parque de Senjatrollet (O Troll de Senia) fica na aldeia de Finsaeter e é o produto da imaginação de um casal de visionários, Siw e Leif Trolidad. A excentricidade do casal é bem patente na obra que encontrámos, que começou por ser uma obra local, de um casal, mas que depressa se tornou num parque temático de referência em toda a Noruega.
Aproveitámos a estada naquele local onde fizemos um churrasco com as famosas salsichas norueguesas e outras especialidades locais, pois já era mais do que horas.
A propósito da comida, estes estudantes noruegueses têm uns hábitos bem particulares, no que às refeições diz respeito. Em dias de escola, o pequeno almoço é tomado bem cedo, uma vez que quase todos os alunos vivem nos arredores de Vangsvik e têm que se deslocar para a escola de autocarro. Como não existe refeitório na escola, cada aluno traz de casa o seu almoço, bem como um pequeno lanche para o meio da manhã. Assim, pelas 10, tomam uma sandes e um sumo para mais tarde, ao meio dia, tomarem o almoço que trouxeram de casa, uma ou duas sandes e fruta, já que para beber, a água da torneira, que vem das nascentes naturais que abundam por aquelas zonas, serve perfeita-mente. E como as aulas terminam, no máximo, pelas 3, regressam cedo para casa onde, lá para as 5, jantam. É esta a principal refeição do dia e lá mais para o fim da noite, tomam uma ceia mais ligeira, geralmente leite e sandes.
No que à viagem diz respeito, depois de sairmos do Senjatrollet, continuamos pela estrada fora, numa paisagem que alternava o belo com o muito belo:
Poder-se-ia pensar que, pelas fotos que apresento, a coisa não podia melhorar. Mas o facto é que melhorou, uma vez que nos dirigimos a vila de Hamn i Senja onde teríamos o climax de toda a jornada: o famoso sol da meia noite!
Para melhor observarmos o fenómeno, subimos ao ponto mais alto da zona, lá bem alto e começámos a observar algo que, decerto, nos marcará para o resto das nossas vidas.
E assim foi. Que espectáculo, meus amigos! Por vezes as palavras são desnecessárias, quando os factos falam por si. Por isso, que dizer perante este espectáculo do sol a ‘cair’ até à meia noite?
‘Oficialmente’, é esta última foto do verdadeiro sol da meia noite, uma vez que ele ainda desceu um pouco mais para reiniciar a sua subida. O dia em que o sol será mais brilhante e o dia terá mais tempo será durante o solstício de verão, que ocorrerá em 21 de Junho. É nesse dia que, à meia noite exacta, o sol parará a sua descida e reiniciará a sua subida.
Alguns ainda quiseram ficar um pouco mais para observarmos a subida, mas o cansaço de um dia tão cheio de tudo fez com que todos quisessem regressar às suas casas, uma vez que no dia seguinte, lá voltaríamos a levantarmo-nos às 6 e chegar à escola pelas 8.30, para terminarmos os trabalhos.
OK, nesta altura poderão pensar: «Foi um dia cheio, tudo já aconteceu e só falta regressar». Certo? Errado!!
Ainda faltava mais uma série de boas surpresas, como à frente verão. A luz do sol a reeguer-se é, ela própria, um espectáculo à parte.
É nesta altura do dia, entre as 11/12 da noite e as 3/4 da manhã que os animais saem para comer, caçar e alimentarem-se e às suas crias.
E começámos por encontrar renas, com as suas crias,
dois enormes alces, passeando e
coelhos brancos, dezenas deles…
Alguém dizia que a nossa viagem mais parecia um documentário do National Geographic…
E o autocarro chegou. O dia acabou. Tempo de dormir!
1 comentário:
Aqui vai a minha primeira bicada!! "Primeira dji muitas" :)
De tirar a respiração... as paisagens são fantásticas!! Que experiência...oh my God!!
:)
Kiss
Filipa :)
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