sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre Woody Allen

Foto: boston.com

Ninguém consegue ficar indiferente a Woody Allen. Há quem goste muito, há quem deteste...

Quanto a mim, creio que é um dos cineastas com maior génio do século XX.

Não digo que seja o MAIOR, que isto de maior e menor, é tudo muito relativo. É como a Beleza:

«The Beauty Lies In The Eyes Of The Beholder»
(A Beleza reside nos olhos de quem vê!)

Por isso, está explicado.

Quando estudava em Lisboa, era prática comum trazer o suplemento do jornal «Se7e» (era assim mesmo que se escrevia...) na minha pasta, sendo eu, de todo o grupo de malta amiga, aquele que, digamos, controlava as estreias de cinema e quais eram os filmes em que cinemas.

De vez em quando, naquelas alturas em que precisavamos de um escape, reuniamo-nos e decidiamos qual era o cinema que iria ter a nossa visita.

Naquela fase (17, 18 anos) todos tinhamos a mania que eramos intelectuais, pelo que o nosso cinema preferido era o Quarteto, com as suas quatro salas, as preferidas para as estreias de Woody Allen.

E lá ia o grupo todo, a pé (que nessa altura automóveis só dos meninos de Direito, que já trabalhavam... ou as meninas que já trabalhavam na RTP, a Fátima Medina, a Manuela Moura Guedes, a Margarida Marante...) desde a Faculdade de Letras, gazetando alguma aula de Literatura Alemã, ou Linguística Inglesa...

Um dia quebrei a rotina e arrependi-me de não ter ido com o grupo ao Quarteto, preferindo acompanhar duas colegas, a Nô e a Olga até ao antigo Monumental, assistir à estreia de «Shinning», com Jack Nicholson, no papel mais alucinado que o vi desempenhar.

A Olga era assim um pouco para o assustadiça, bastante sugestionada. Gostava de filmes de terror, mas não gostava muito de ver cenas de terror, não sei se estão a ver a coisa. Pois então a boa da Olga, perante uma das cenas do filme, tipo «Here comes Johnny!» pediu-me se podia agarrar-me no braço.

Claro que sim, que orgulho, poder ajudar uma "lady in distress"! Devo dizer que era verão, estava de manga curta, e cada vez que o bom do Jack Nicholson fazia uma das suas, a Olga cravava-me as unhas no braço. E se ela tinha orgulho nas suas unhas, sempre compridas e bem tratadas!...

Finalmente o filme acabou. E o meu braço, outrora branquinho e imaculado, adquiriu uma coloração engraçada, a roçar o cor de rosa!

.........

E as conversas são mesmo como as cerejas. Comecei a falar de Woody Allen e terminei nas minhas aventuras cinéfilas de Lisboa, onde os cinemas eram agradáveis, amplos, confortáveis (lembro-me das cadeiras do Londres, com um sistema de amortecimento que fazia com que a cadeira baixasse lentamente...).

Para terminar e fazendo uma vez mais uma alusão a Allen, o seu humor é corrosivo, agradável e inteligente.

Aqui ficam algumas das suas máximas:

1. "Não acredito na vida depois da morte, mas irei preparado com uma muda de roupa interior."


2. "Um amigo meu está sempre a dizer que a ausência de ordem é inerente ao Cosmos. Segundo ele, a existência é feita de acasos, se não contarmos com o pequeno-almoço. Tem quase a certeza de que esse é feito pela empregada."


3. "Se ao menos Deus me enviasse prova irrefutável da sua existência, tipo fazer um depósito chorudo em meu nome numa conta suíça..."


4. "Fico sempre espantado quando alguém me diz que quer conhecer o Universo. Como se não fosse suficientemente difícil não nos perdermos quando vamos a Chinatown."


5. "Não estou nada interessado em obter a imortalidade através da minha obra. Prefiro simplesmente não morrer."


6. "O vazio eterno não tem mal nenhum se uma pessoa está vestida para a ocasião."


7. "Mais do que em qualquer outro instante histórico, a Humanidade vai ser obrigada a escolher. Uma das vias leva ao desespero e à mais completa ausência de esperança. A outra leva à extinção total. Espero que tenhamos a sensatez de fazer a escolha certa."


8. "Também ainda não percebi porque é que temos os dias contados quando podiam ser, sei lá, soletrados."


9. "E se for revelado que tudo é ilusão e nada existe realmente? Nesse caso, não há dúvida: paguei de mais pela alcatifa."


10. "Porque é que o homem mata? Porque quer comer. Mas não só. Por vezes, também exige algo que se beba."

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1 comentário:

Romicas disse...

Gostei bastante deste poste, embora, claro, não seja bem uma novidade para mim ...
Mas do que gostei especialmente foi do "tipo" na frase 3. Andamos muito IN, não é verdade?!?
Romicas