Segundo ponto: uma das regras mais faladas mas que não está regulamentada em lado algum, é a regra do FAIR-PLAY (embora muitos achem que é uma treta).
«Fair Play» poder-se-ía traduzir por «jogo limpo», coisa que, para muitos «craques» da nossa praça é uma espécie em vias de extinção!
Este video que aqui vos apresento, já se cruzou comigo bastas vezes mas tenho sempre um grande prazer em o rever.
A certa altura, um jogador do Ajax (de vermelho) sofreu uma falta e ficou magoado, caído no chão. Um dos jogadores da equipa adversária - equipada de amarelo - como é hábito, atirou a bola para fora para que o jogador magoado fosse atendido.
Quando o jogador ficou recuperado o lançamento pertenceu ao Ajax (de vermelho) e, como manda o desportivismo, um jogador do Ajax tentou devolver a bola para o campo do adversário. Só que o fez de forma desajeitada e, sem querer, acabou por meter golo!
Todos, incluíndo o jogador que, sem querer, meteu golo, ficaram atrapalhados. Mas o árbitro considerou o golo válido!
A bola voltou ao centro para o jogo ser retomado com aquele injusto resultado. Foi nesse momento que os jogadores do Ajax, com grande espírito desportivo, rapidamente tomaram uma resolução: Ficarem todos quietos para permitir à equipa adversária - os de amarelo - fazerem eles também um golo, repondo, assim, a justiça no resultado.
E foi isso que aconteceu!!! É impressionante o sentido de Fair Play da equipa do Ajax e o bom entendimento entre todos eles para que nenhum se movimentasse.
Eles queriam ganhar, mas a vitória teria que ser 'limpa' e 'justa'!
Apetece extrapolar este caso tão banal mas ao mesmo tempo tão extraordinário, para o nosso dia a dia, para as relações de trabalho, para os contactos que tantas vezes estabelecemos com as pessoas que fazem parte da nossa vida...
E apetece perguntar: Será que Portugal é assim tão diferente?
Vejam, então, o vídeo:
2 comentários:
Olá, Papagaio!
Realmente continuas a surpreender-me com os teus textos tão interessantes.Eu que nem gosto muito de futebol, adorei a extrapolação que conseguiste fazer.
Vivemos um tempo difícil, parece que o jogo limpo é um conceito apenas bonito na oralidade,porque na prática o que nós assistimos é cada vez mais jogos sujos, jogos de bastidores, pessoas que apenas sabem olhar para os próprios umbigos fascinados com a imagem que o espelho projecta, qual Narciso que acabou por morrer afogado na sua vaidade.
Continua Papagaio, porque há outras aves que pensam como tu, coisa rara nos tempos que correm.
Com o maior dos cuidados, avançou, sorrateiro.
Um passo, depois outro, depois ainda outro.
Estranhamente, ela não fugiu, estremecendo simplesmente as asas quando sentiu o “clique” da fotografia.
O fotógrafo estava encantado. Uma “Papilio machaon”, bem ali à sua frente, a pouco mais de dois metros de distância, imóvel, com um enquadramento perfeito, um fundo de vegetação escura... e sem qualquer réstea de vento... a fotografia perfeita.
Avançou um pouco mais, disparando sucessivamente.
Fotografar borboletas – diriam uns – poderia ser uma ocupação excêntrica, um clichê banal da fotografia de natureza ( fotos bonitas, coloridas, vistosas... ) – mas nada disso o afectava. As borboletas, como aliás todos os insectos, eram seres extremamente fotogénicos, elegantes, de uma pose natural que dispensava treinos e ensaios – já haviam nascido modelos.
Aquela borboleta andorinha, como era habitualmente conhecida, com os seus dois chifres amarelados, parecia no entanto estranhamente à vontade, sem se importar com os estalidos incessantes da máquina fotográfica – quando muito, abanava suavemente as asas acastanhadas, sem sequer levantar voo.
Aproximou-se um pouco mais – não estaria a mais de dois palmos de distância.
A borboleta fechou as asas e quando as reabriu, ocupou por completo o visor da objectiva – imóvel, serena, brilhante.
Apeteceu-lhe – de a ver ali tão perto – tocar-lhe, sentir-lhe a suavidade das asas coloridas, a leveza do corpo elegante.
Resistiu à tentação.
Aprendera há muito a não invadir aquele mundo mágico que ficava do lado de lá da sua objectiva – o encanto existia para ser visto e apreciado, não para ser tocado ou possuido. Quando muito, a fotografia tornaria eterno aquele momento fugaz de contacto íntimo, em que o fotógrafo e o seu modelo se fundiam, ela a desvendar-se perante os seus olhos, ele a saciar-se com a sua beleza.
E foi então que, num daqueles raros momentos que as fotografias nunca conseguem captar, um pouco de magia aconteceu.
A borboleta soltou o ramo onde pousara e com um suave bater das asas, veio pousar sobre a máquina fotográfica.
As antenas douradas agitaram-se, as asas estremeceram e ali permaneceu, nuns poucos segundos com sabor a eternidade, ambos a contemplar-se, quem sabe – olhos nos olhos – tocando o mundo imaginário de um qualquer conto de fadas.
Finalmente, levantou voo e afastou-se graciosamente, rumo a outro punhado de flores.
O fotógrafo permaneceu, porém, ainda a apontar a objectiva para o local vazio onde já não existia nenhuma borboleta.
A fotografia que recordaria para sempre – aquela borboleta ali pousada, a poucos centímetros do seu rosto – não ficaria registada em nenhum outro local, senão nas suas próprias memórias.
Guardou cuidadosamente a máquina fotográfica no respectivo estojo.
A borboleta dourada esvoaçava ainda ali perto, em redor de outro canteiro de flores amarelas.
Olhou para ela... e sentiu, sem perceber como, que ela lhe estava a retribuir o olhar...
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