quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Insustentável Leveza do Fair-Play...

Primeiro ponto: adoro futebol!

Segundo ponto: uma das regras mais faladas mas que não está regulamentada em lado algum, é a regra do FAIR-PLAY (embora muitos achem que é uma treta).

«Fair Play» poder-se-ía traduzir por «jogo limpo», coisa que, para muitos «craques» da nossa praça é uma espécie em vias de extinção!

Este video que aqui vos apresento, já se cruzou comigo bastas vezes mas tenho sempre um grande prazer em o rever.

A história passa-se na Holanda, durante um jogo entre o Den Haag e o Ajax.


A certa altura, um jogador do Ajax (de vermelho) sofreu uma falta e ficou magoado, caído no chão. Um dos jogadores da equipa adversária - equipada de amarelo - como é hábito, atirou a bola para fora para que o jogador magoado fosse atendido.


Quando o jogador ficou recuperado o lançamento pertenceu ao Ajax (de vermelho) e, como manda o desportivismo, um jogador do Ajax tentou devolver a bola para o campo do adversário. Só que o fez de forma desajeitada e, sem querer, acabou por meter golo!


Todos, incluíndo o jogador que, sem querer, meteu golo, ficaram atrapalhados. Mas o árbitro considerou o golo válido!


A bola voltou ao centro para o jogo ser retomado com aquele injusto resultado. Foi nesse momento que os jogadores do Ajax, com grande espírito desportivo, rapidamente tomaram uma resolução: Ficarem todos quietos para permitir à equipa adversária - os de amarelo - fazerem eles também um golo, repondo, assim, a justiça no resultado.


E foi isso que aconteceu!!! É impressionante o sentido de Fair Play da equipa do Ajax e o bom entendimento entre todos eles para que nenhum se movimentasse.


Eles queriam ganhar, mas a vitória teria que ser 'limpa' e 'justa'!


Apetece extrapolar este caso tão banal mas ao mesmo tempo tão extraordinário, para o nosso dia a dia, para as relações de trabalho, para os contactos que tantas vezes estabelecemos com as pessoas que fazem parte da nossa vida...


E apetece perguntar: Será que Portugal é assim tão diferente?


Vejam, então, o vídeo:



2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Papagaio!

Realmente continuas a surpreender-me com os teus textos tão interessantes.Eu que nem gosto muito de futebol, adorei a extrapolação que conseguiste fazer.
Vivemos um tempo difícil, parece que o jogo limpo é um conceito apenas bonito na oralidade,porque na prática o que nós assistimos é cada vez mais jogos sujos, jogos de bastidores, pessoas que apenas sabem olhar para os próprios umbigos fascinados com a imagem que o espelho projecta, qual Narciso que acabou por morrer afogado na sua vaidade.
Continua Papagaio, porque há outras aves que pensam como tu, coisa rara nos tempos que correm.

entremares disse...

Com o maior dos cuidados, avançou, sorrateiro.
Um passo, depois outro, depois ainda outro.
Estranhamente, ela não fugiu, estremecendo simplesmente as asas quando sentiu o “clique” da fotografia.
O fotógrafo estava encantado. Uma “Papilio machaon”, bem ali à sua frente, a pouco mais de dois metros de distância, imóvel, com um enquadramento perfeito, um fundo de vegetação escura... e sem qualquer réstea de vento... a fotografia perfeita.
Avançou um pouco mais, disparando sucessivamente.
Fotografar borboletas – diriam uns – poderia ser uma ocupação excêntrica, um clichê banal da fotografia de natureza ( fotos bonitas, coloridas, vistosas... ) – mas nada disso o afectava. As borboletas, como aliás todos os insectos, eram seres extremamente fotogénicos, elegantes, de uma pose natural que dispensava treinos e ensaios – já haviam nascido modelos.
Aquela borboleta andorinha, como era habitualmente conhecida, com os seus dois chifres amarelados, parecia no entanto estranhamente à vontade, sem se importar com os estalidos incessantes da máquina fotográfica – quando muito, abanava suavemente as asas acastanhadas, sem sequer levantar voo.
Aproximou-se um pouco mais – não estaria a mais de dois palmos de distância.
A borboleta fechou as asas e quando as reabriu, ocupou por completo o visor da objectiva – imóvel, serena, brilhante.
Apeteceu-lhe – de a ver ali tão perto – tocar-lhe, sentir-lhe a suavidade das asas coloridas, a leveza do corpo elegante.
Resistiu à tentação.
Aprendera há muito a não invadir aquele mundo mágico que ficava do lado de lá da sua objectiva – o encanto existia para ser visto e apreciado, não para ser tocado ou possuido. Quando muito, a fotografia tornaria eterno aquele momento fugaz de contacto íntimo, em que o fotógrafo e o seu modelo se fundiam, ela a desvendar-se perante os seus olhos, ele a saciar-se com a sua beleza.
E foi então que, num daqueles raros momentos que as fotografias nunca conseguem captar, um pouco de magia aconteceu.
A borboleta soltou o ramo onde pousara e com um suave bater das asas, veio pousar sobre a máquina fotográfica.
As antenas douradas agitaram-se, as asas estremeceram e ali permaneceu, nuns poucos segundos com sabor a eternidade, ambos a contemplar-se, quem sabe – olhos nos olhos – tocando o mundo imaginário de um qualquer conto de fadas.
Finalmente, levantou voo e afastou-se graciosamente, rumo a outro punhado de flores.
O fotógrafo permaneceu, porém, ainda a apontar a objectiva para o local vazio onde já não existia nenhuma borboleta.
A fotografia que recordaria para sempre – aquela borboleta ali pousada, a poucos centímetros do seu rosto – não ficaria registada em nenhum outro local, senão nas suas próprias memórias.
Guardou cuidadosamente a máquina fotográfica no respectivo estojo.
A borboleta dourada esvoaçava ainda ali perto, em redor de outro canteiro de flores amarelas.
Olhou para ela... e sentiu, sem perceber como, que ela lhe estava a retribuir o olhar...