(«Vaidade das Vaidades, Tudo É Vaidade», Eclesiastes, 1.2)
Ai, que bom me souberam estes dias de descanso! Deu para pensar, para carregar baterias, para meditar, agora que o ano lectivo está prestes a terminar, para fazer um balanço, embora parcial, de tudo aquilo que este ano escolar representou para mim e para a minha escola.
Pois é, fui até ao Algarve, senti-me um privilegiado por poder ter estes dias, enquanto o desemprego cresce cada vez mais no nosso país. E na nossa cidade, onde a industria ameaça fechar portas, e todos sabemos que quando a Delphi apanha uma corrente de ar, Ponte de Sor constipa-se!
Foi quando passei em Beja, onde passei nove meses do meu serviço militar, (no antigo RIBE, Regimento de Infantaria de Beja, agora Regimento de Infantaria 3) que me lembrei do capelão do Regimento que, em 1981 era o Tenente Teixeira.
O Teixeira (insistia que o chamássemos assim, sem tenente nem padre) era Franciscano e bastas vezes aparecia com o seu traje de monge, com a corda como cinto, despojado de qualquer adereço militar. Foi uma das poucas pessoas do clero com quem pude falar, daquelas conversas «tudo o queria saber da religião e não sabia a quem perguntar», e que me desmistificou o aspecto, digamos, fundamentalista que a religião católica apresenta para pessoas como eu, que cada vez mais, sentem que Deus reside, não nas igrejas, mas na bondade humana.
Quando lhe perguntava das suas vestes, respondia-me: «Porque não, meu caro Papagaio? Sou Franciscano. Somos despojados de tudo o que é supérfluo.» E dizia-me:
Ai, que bom me souberam estes dias de descanso! Deu para pensar, para carregar baterias, para meditar, agora que o ano lectivo está prestes a terminar, para fazer um balanço, embora parcial, de tudo aquilo que este ano escolar representou para mim e para a minha escola.
Pois é, fui até ao Algarve, senti-me um privilegiado por poder ter estes dias, enquanto o desemprego cresce cada vez mais no nosso país. E na nossa cidade, onde a industria ameaça fechar portas, e todos sabemos que quando a Delphi apanha uma corrente de ar, Ponte de Sor constipa-se!
Foi quando passei em Beja, onde passei nove meses do meu serviço militar, (no antigo RIBE, Regimento de Infantaria de Beja, agora Regimento de Infantaria 3) que me lembrei do capelão do Regimento que, em 1981 era o Tenente Teixeira.
O Teixeira (insistia que o chamássemos assim, sem tenente nem padre) era Franciscano e bastas vezes aparecia com o seu traje de monge, com a corda como cinto, despojado de qualquer adereço militar. Foi uma das poucas pessoas do clero com quem pude falar, daquelas conversas «tudo o queria saber da religião e não sabia a quem perguntar», e que me desmistificou o aspecto, digamos, fundamentalista que a religião católica apresenta para pessoas como eu, que cada vez mais, sentem que Deus reside, não nas igrejas, mas na bondade humana.
Quando lhe perguntava das suas vestes, respondia-me: «Porque não, meu caro Papagaio? Sou Franciscano. Somos despojados de tudo o que é supérfluo.» E dizia-me:
«Vanitas vanitatum et Omnia Vanitas,
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!»
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!»
Ora toma! E não é que tinha razão?
Veio-me novamente o Teixeira à memória, quando passeava por Vilamoura, o nosso Monte Carlo saloio, onde cada qual ostenta o último modelo da BMW ou Mercedes ou Jaguar, os barquinhos topos de gama... os papalvos em frente do café do Figo... as «socialites» todas de branco, a ir para a festa da Nikki Beach, onde cada garrafinha de qualquer zurrapa (leia-se champanhe, ou melhor, champagne) custava mais de 100 Euros...
E eu pensava: «Estou eu aqui com estes pruridos na alma pelo aumento do desemprego, por estar aqui enquanto outros estão a trabalhar, e estes marmelos vão dar 100 Euros por uma garrafinha de champagne? Veuve-Cliquot, Moet et Chandon...»
Pois é: o Teixeira é que tinha razão, ele é que as sabia todas!
A nossa sociedade precisa de mais Teixeiras, de mais pessoas da igreja que vejam mais a dimensão humana e deixem para depois todos os canones, todas as lengalengas que ouvimos nas igrejas, onde as pessoas se sintam em comunhão com as outras pessoas, onde o Homem seja o objectivo único e último.
E pronto. Regressei à realidade, ao dia a dia. Amanhã, último dia de aulas com as minhas turmas, duas delas vão seguir para o ciclo seguinte e vão crescer.
Com a minha ajuda, espero eu.
E nisto, mesmo sendo papagaio, acho que sou muito bom!
3 comentários:
De facto e, no que à religião diz respeito,encanta-me uma citação de S. Francisco, que se aplica aos nossos dias, como nunca: "se não consegues amar o teu irmão como a ti mesmo...ao menos não o maces"!...
Tomara ter encontrado um Teixeira na vida...que me respondesse em vez de me querer convencer duma verdade que se baseia na fé...
Realmente, começo a ficar admirado com os textos do nosso papagaio daltónico...cada dia, descubro uma nova faceta, esta agora religiosa...
Sabes, o que eu tenho mesmo pena, é de não ser comtemplado com aquela fé que muitas pessoas têm...porque assim, as agruras da vida, seriam certamente muito mais suaves e nós e tinhamos a capacidade de as superar mais facilmente!Às vezes, dou comigo a pensar onde paira esse
Deus que deixa tantas coisas más acontecerem.Depois vem-me à memória aquele provérbio:«Deus escreve direito por linhas tortas», e então consigo encontrar algum lenitivo para as minhas dores (a fé ainda não chegou até mim!ainda não fui comtemplado com esse dom).
Mas, quem sabe com esperança, talvez isso um dia aconteça!
Um leitor atento do teu blogue
CP
Das poucas vezes que me sentei nessa esplandas de Vilamoura, senti-me como devem sentir-se os animais que estão nas jaulas do Jardim Zoológico, ao serem observados por quem passa.
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