sábado, 11 de julho de 2009

Já temos a nossa Esmeralda!

Foto: Ecos do Sor

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«O trabalho dos pais não acaba com a concepção.
O que faz de vocês homens não é a capacidade de fazer um filho, mas a coragem de o criar.»

Barack Obama
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Já tinha ouvido a história da pequena Maria que, por sentença judicial, fora retirada do convívio da sua mãe, a nossa colega Antónia Correia, docente do 1º Ciclo.

Confesso que não conhecia os pormenores todos, mas imaginava que qualquer criança retirada do contacto com os pais, devia sofrer castigos e maus tratos de toda a espécie.

Os portugueses acompanharam com paixão e interesse a história da luta pela custódia pelos pequenos Esmeralda, Alexandra e Martim, que se seguiram ao desaparecimento da inglesa Madeleine McCann. Não admira que estejamos mais sensíveis e com os sentidos mais alertas no que concerne a tudo relacionado com custódias de crianças. E sabemos que todos somos especialistas judiciais, quando é preciso. E advogados... e treinadores de futebol... e analistas políticos...

Mas adiante. Chegou-me às mãos a última edição do Ecos do Sor, com uma reportagem alargada sobre a subtracção da pequena Maria à Antónia, que recomendo que leiam.

Mas fico perplexo. Quando se ouve casos como aquele que foi resolvido na terça feira passada, em que uma «mãe», na Gaia, assassinou o seu filho recém nascido e o colocou na arca frigorífica, eu fico... olhem, nem consigo adjectivar como me sinto, tanta a indignação que sinto.

Os factos reportam-se a Fevereiro do ano passado. Segundo as palavras da suposta «mãe», de nome Adelaide Silva:

'Nunca quis ter o bebé. Eu sabia que estava grávida, mas na minha cabeça tentei fingir que não era verdade. Pensei em abortar mas o tempo já tinha passado. Então decidi que quando ele nascesse o ia dar para adopção. Mas não sei o que aconteceu, matei-o'.

Pronto! Tão simples como isso. «Matei-o»! E não contente com isso, escondeu-o. Numa arca frigorífica!

E a sentença saíu, finalmente. E qual foi, qual foi?

Foi condenada a quatro anos DE PENA SUSPENSA!

Escrevi em maiúsculas para poderem ver bem: de pena suspensa, pois é. Disse o tribunal que, uma vez que a mãe andava deprimida, não foi condenada por homicídio mas sim por infanticídio e ocultação de cadáver, o que significa que matar uma criança não é tão grave assim! Agora se fosse um polícia matar um criminoso qualquer, ai Jesus, que brutalidade policial! Prisão efectiva!

E sabem que, na leitura da sentença, a «mãe» não pode comparecer porque... tinha dado à luz na segunda feira anterior! E se fizerem as contas, verão que só se tinham passado 15 meses desde que assassinou o outro bebé!

Já agora, para rematar (porque estes assuntos da justiça, ou justicinha nacional dão-me NOJO!!!) aconselho o tribunal a acompanhar este novo inocente que, se não tiverem cuidado, irá parar a um frigorífico ou arca lá de casa! Basta ela ficar deprimida com algum enredo mais triste da novela preferida!

E voltemos à Maria. E à Antónia. Cujo crime foi amar a filha como qualquer mãe ama. E que, segundo consta, nunca a pôs de castigo no frigorífico lá de casa!

Segundo o Ecos do Sor:

«Na decisão do Juiz, lida a 25 de Junho no Tribunal de Fronteira, pesaram os relatórios técnicos de psicólogos. Maria, de sete anos, recusava contactos com o pai, divorciado da mãe há três anos. Para o Tribunal, a luta pelas visitas da criança foi longe demais, a ponto de colocar em perigo a sua saúde mental. O despacho refere que a vivência, com a mãe, contribuiu para uma grave distorção da figura masculina.»

Toda a comunidade é unânime em considerar Antónia «uma pessoa extremamente dedicada», ainda de acordo com o Ecos.


Impelidos pela injustiça do caso, muitas pessoas elaboraram um abaixo-assinado com a participação de muitas pessoas de Ponte de Sor. Além deste acto de solidariedade, prometeram que outros se irão seguir.


Agora eu, como contribuinte, como cidadão, como português, como professor, pergunto:


- Onde está o superior interesse da criança?


- Onde pára a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens?


Muitas perguntas, nenhumas respostas.


E a Justiça, que nos é apresentada como uma senhora com uma balança, representando sempre os dois lados de qualquer questão, deve estar com alguma artrose de ver os pratos da balança sempre a favor de quem prevarica, sempre contra o elo mais fraco.


«Dura Lex, Sed Lex»? Pois, tá bem, abelha...

6 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo que a mãe da Maria alguma vez se tivesse referido ao pai da criança de forma menos abonatória, certamente não seria suficiente para provocar na criança o pânico que provocava. "Alienação parental" é o "crime" de que Antónia é acusada e então, por isso, trancou-se uma menina que era uma princesa numa instituição e, deixam-se os pais (bem ou mal) em liberdade. Cortam-se à criança todos os laços afectivos e prende-se.
A opinião das pessoas que conhecem a criança não conta para nada. Que grande poder, acha o Meretíssimo Juiz, que tem a mãe de Maria.
Será poder ou amor de mãe?
Se esse poder alienatório é tão grande, porque não conseguiu alienar também o pai da criança?
Realmente, ou ficamos todos alienados ou temos a sensação que este país já não é o nosso.

Anónimo disse...

Como mãe de duas crianças, pelas quais esperei três longos anos de cada vez,para que os processos das suas vindas se realizassem,pois os meus filhos são filhos do coração e são a razão de me fazer lutar contra a crueldade da vida, não posso deixar de me revoltar quanto à situação dramática que a Antónia está a passar.
Para se conseguir adoptar uma criança que foi maltratada e ficou 5 anos numa Instituição à espera ou outra que ficou logo abandonada à nascença num hospital, é preciso vir confirmar mil e um promenor e por vezes até maltratados por Assistentes Sociais que mais não são que burocrátas bem vestidas.
Não consigo entender que se retire a uma mãe que sempre deu tudo à filha o que a faz viver.
Há Justiça?
Duvido...cada vez mais DUVIDO!
MC

Anónimo disse...

Como mãe de duas crianças, pelas quais esperei três longos anos de cada vez,para que os processos das suas vindas se realizassem,pois os meus filhos são filhos do coração e são a razão de me fazer lutar contra a crueldade da vida, não posso deixar de me revoltar quanto à situação dramática que a Antónia está a passar.
Para se conseguir adoptar uma criança que foi maltratada e ficou 5 anos numa Instituição à espera ou outra que ficou logo abandonada à nascença num hospital, é preciso vir confirmar mil e um promenor e por vezes até maltratados por Assistentes Sociais que mais não são que burocrátas bem vestidas.
Não consigo entender que se retire a uma mãe que sempre deu tudo à filha o que a faz viver.
Há Justiça?
Duvido...cada vez mais DUVIDO!
MC

Anónimo disse...

Só hoje tive conhecimento deste blogue e deste artigo. Não consigo deixar de expressar aqui algumas palavras.
Sempre se ouviu dizer que só se retiravam os filhos a uma mãe em casos extremos e muito graves.
Não creio ser este o caso!

Conheço a Antónia e a Maria há já algum tempo. Entre elas sempre existiu uma relação de mãe e filha com carinho, amor e dedicação. De há um ano a esta parte a Maria andava mais calma, brincava descansadamente com os amigos…
Em algum tempo que passei com esta criança jamais a ouvi tocar no nome do pai. Será normal?
Também sou mãe e o meu filho quando não vê o pai pergunta logo por ele e sempre que o pai o convida para ir, seja onde for, nunca vi o meu filho recusar, chorar, esconder-se ou gritar com medo e pavor.

A todos os pais: levavam a vossa filha nessa condição?
A todas as mães: ficariam de ânimo leve ou sentir-se-iam felizes, vendo colocar a vossa filha entre pernas, prendendo-a para a levar à força?

Pergunto:
- Já alguma vez perguntaram à pequena Maria porque é que ela rejeita o pai?

FORÇA ANTÓNIA!

Tu foste sempre uma boa mãe, estiveste presente na hora do banho, da fralda, do almoço, do jantar, do deitar… Ainda agora, mesmo com todo o sofrimento que estás a passar, não baixas os braços e lutas por ela!

NÃO se tira uma filha a uma MÃE como TU.


Anónima

Anónimo disse...

Boa tarde,
Caros leitores,
Sou residente em Fronteira há já alguns anos, conheço a Prof. Antónia e a sua filha, soube deste blog por amigos de Ponte de Sor e do Post que falava desta mesma situação e perante o que li não quero de deixar algumas questões e de alguma forma a minha opinião sobre o que li. Não tenho competências para avaliar a decisão judicial, e na minha opinião, claramente só quem está a ser penalizado é a Maria que não cometeu crime algum e não merece certamente pelo que está a passar. Da Prof. Antónia já não poderei dizer o mesmo, será que quem diz que é um exemplo de mãe e de amor pela filha, a conhece? Anda na noite com ela e a filha (eu cruzei-me algumas vezes com ambas) no bar da Beta? Faz parte dos amigos e amigas que dizem mal do pai da Maria a pedido da mãe? Compararam o que diz nas entrevistas e o na prática fez com a sua filha (que tanto diz amar) ao longo dos últimos anos? Inventar doenças à Maria para impedir que a mesma não possa estar com o pai? Atribuir comportamentos menos correctos ao pai só para se proteger a si própria? A Prof. Antónia tem muitos telhados de vidro e podemos perguntar se é o seu amor de mãe que a move em prol do bem-estar da mesma ou se de facto é o afastamento do “trunfo” que sempre usou contra o João? Neste processo quem perde sempre é a Maria, criança com direitos a quem os pais, os estão a retirar na sua guerra pessoal.
M.V.M

Anónimo disse...

Se a prof. Antónia tem ou não telhados de vidro, isso não sei, parece-me que todos temos, numa ou noutra situação. Se fossemos deuses estaríamos lo Olimpo ou em qualquer outro espaço menos terreno.
Sou mãe e sempre me fiz acompanhar pela minha filha, isto quando não a deixava com os avós. Ainda bem que ela já é maior de idade, assim já não a podem institucionalizar e assim o meu "crime" deve ter prescrito - claro que estou a ser irónica.
As pessoas que manifestarm apoio e se interessaram pelo caso fizeram-no e fazem-no porque conhecem (ou tomaram conhecimento) uma criança a quem foram cortados todos os laços afectivos e consideram-na uma vítima indefesa que foi "enjaulada" e privada de liberdade, porque e só possivelmente, ainda não tem manha suficiente para conseguir agradar a gregos e troianos e manobrar os adultos, de forma a tirar partido das suas fragilidades.
Qualquer pai ou mãe que se sinta verdadeiro pai ou mãe, consegue imaginar e angustiar-se ao pensar o seu filho ou filha em situação semelhante.
Não é vindo para a praça pública com factos menos ou mais abonatórios relativamente a qualquer dos progenitores que se ajuda e se tenta reparar os danos desta atrocidade que está ser cometida com a menina. estes métodos sub-reptícios camuflados de atitude respeitosa, íntegra e desfabulativa não visam senão promover a destabilização, confundir...e assim, fazer com que as pessoas se afastem do tema e esqueçam QUE DESDE O DIA 22 DE JUNHO, A MARIA ESTÁ PRESA por um crime que não é seu.